Liev
Tolstói
Liev Nicolaevitch, conde de Tolstoi2 , nasceu em Yasnaya Polyana (nome da sua
casa), que se localiza a 12 km de Tula e a 200 km de Moscovo. Era filho de Nicolas Ilyitch, conde de
Tolstoi e de Maria Nicolaevna, princesa de Volkonsky.
Com a morte prematura dos pais, foi educado por preceptores. Na
juventude, o sentimento de vazio existencial levou-o a alistar-se no exército
da Rússia. Tal experiência colaboraria para que, mais tarde, se tornasse
pacifista.
Durante esta época de sua juventude, Tolstoi bebia muito, perdia muito
dinheiro no jogo e dedicava muitas noites a ter encontros com prostitutas. Mais
tarde, o velho escritor repudiaria esta fase de sua vida.
No final da década de 1850, preocupado com a precariedade da educação no
meio rural, Tolstoi criou em Iasnaia Poliana uma escola, para filhos de
camponeses. O escritor mesmo escreveu grande parte do material didático e, ao
contrário da pedagogia da época, deixava os alunos livres, sem excessivas
regras e sem punições.
Embora extremamente bem-sucedido como escritor e famoso mundialmente,
Tolstoi atormentava-se com questões sobre o sentido da vida e, após desistir de
encontrar respostas na filosofia, na teologia e na ciência, deixou-se guiar
pelo exemplo da vida simples dos camponeses, a qual ele considerou ideal. A
partir daí, teve início o período que ele chamou de sua "conversão".
Seguindo ao pé da letra a sua interpretação dos ensinamentos cristãos, Tolstói encontrou o que procurava,
cristalizando-se então os princípios que norteariam sua vida a partir daquele momento.1
O cristianismo do escritor recusou a autoridade de qualquer governo
organizado e de qualquer igreja. Criticou também o direito à propriedade
privada e os tribunais e pregou o conceito de não-violência. Para difundir suas
ideias Tolstoi dedicou-se, em panfletos, ensaios e peças teatrais, a criticar a
sociedade e o intelectualismo estéril. Tais ideias postas tão explicitamente
causaram confusão nos fãs do famoso escritor e influenciariam um importante
admirador: Gandhi, nesta época ainda na África.
Após sua "conversão", Tolstói deixou de beber e fumar,
tornou-se vegetariano e passou a
vestir-se como camponês. 3 Convencido de que ninguém deve depender
do trabalho alheio passou a limpar seus aposentos, lavrar o campo e produzir as
próprias roupas e botas. Suas ideias atraíram um séquito de seguidores, que se
denominavam "tolstoianos". Decidiu abrir mão de receber os direitos
autorais dos livros que viria a escrever, só voltou a querer utilizar este
dinheiro quando precisou angariar fundos para transportar para o Canadá uma
comunidade de camponeses perseguidos pelo governo.1
Tolstoi chegou a ser vigiado pela polícia do czar. Devido a suas ideias
e textos, foi excomungado pela Igreja Ortodoxa russa, em 1901. Alguns de seus
amigos e seguidores foram também exilados. Tolstoi somente não foi preso porque
era adorado em todo o mundo como um dos maiores nomes da arte de seu tempo.
Além de sua fama como escritor, Tolstoi ficou famoso por tornar-se, na
velhice, um pacifista, cujos textos e ideias contrastavam com as igrejas e
governos, pregando uma vida simples e em proximidade à natureza.
Junto a Dostoiévski, Turgueniev, Gorki e Tchecov, Tolstói foi um dos grandes mestres da literatura russa do século XIX.
Suas obras mais famosas são Guerra e Paz, sobre as campanhas de Napoleão na Rússia, e Anna Karenina, onde denuncia o ambiente
hipócrita da época e realiza um dos retratos femininos mais profundos e
sugestivos da Literatura.1
Morreu aos 82 anos, de pneumonia, durante uma fuga de sua casa, buscando
viver uma vida simples.
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