Zilda Arns
Foi fundadora e coordenadora internacional da Pastoral
da criança e da Pastoral da pessoa idosa, organismos de ação social. Recebeu
diversas menções especiais e títulos de cidadã honorária no país. Arns foi
eleita a 17° maior brasileira de todos os tempos. Formada em medicina pela UFPR,
em 1959, aprofundou-se em saúde pública, pediatria e sanitarismo, visando a
salvar crianças pobres da mortalidade infantil, da desnutrição e da violência
em seu contexto familiar e comunitário.
Compreendendo que a educação revelou-se a
melhor forma de combater a maior parte das doenças de fácil prevenção e a
marginalidade das crianças, para otimizar a sua ação, desenvolveu uma
metodologia própria de multiplicação do conhecimento e da solidariedade
entre as famílias mais pobres, baseando-se no milagre bíblico da multiplicação
dos dois peixes e cinco pães que saciaram cinco mil pessoas, como narra o Evangelho
de São João (Jo 6:1-15).
Para multiplicar o saber e a solidariedade,
foram criados três instrumentos, utilizados a cada mês:
· Visita
domiciliar às famílias
· Dia do Peso, também
chamado de Dia da Celebração da Vida
· Reunião Mensal
para Avaliação e Reflexão
Dividia seu tempo entre os compromissos como
coordenadora nacional da Pastoral da Pessoa Idosa e coordenadora internacional
da Pastoral da Criança.
Zilda Arns encontrava-se em Porto Príncipe, em
missão humanitária, para introduzir a Pastoral da Criança no país. No dia 12 de
janeiro de 2010, pouco depois de proferir uma palestra para cerca de 15
religiosos de Cuba, o país foi atingido por um terremoto. A Dra. Zilda foi uma
das vítimas da catástrofe.
Naquele momento ela estava discursando, quando
as paredes da igreja desabaram, a médica estava no último parágrafo do
discurso, que ela não chegou a terminar, falava da importância de cuidar das
crianças "como um bem sagrado", promovendo o respeito a seus direitos
e protegendo-os, "tal qual os pássaros cuidam dos seus filhos".
No dia 14 de janeiro, o senador Flávio Arns, seu
sobrinho, divulgou uma nota sobre as circunstâncias da morte da médica:
"A Dra. Zilda estava em uma igreja, onde
proferiu uma palestra para cerca de 150 pessoas. Ela já tinha acabado seu
discurso e estava conversando com um sacerdote, que queria mais informações
sobre o trabalho da Pastoral da Criança. De repente, começou o tremor. O padre
que estava conversando com ela deu um passo para o lado e a Dra. Zilda recuou
um passo e foi atingida diretamente na cabeça, quando o teto desabou. Ela
morreu na hora. A Dra. Zilda não ficou soterrada. O resto do corpo não sofreu
ferimentos, somente a cabeça foi atingida. O sacerdote que conversava com ela
sobreviveu. Já outros quinze sacerdotes que estavam próximos a ela faleceram”.
Como forma de preservar a memória de Zilda viva,
sua irmã Otília Arns escreveu a obra literária "Zilda Arns: A Trajetória
da Médica Missionária" no ano de 2010. A obra possui a história dos
antepassados de Zilda, sua biografia e depoimentos de seus familiares.
Fragmentos
de um discurso amoroso
(...) Sabemos que a força propulsora da transformação social está na
prática do maior de todos os mandamentos da Lei de Deus: o Amor, expressado na solidariedade fraterna, capaz de
mover montanhas."Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a
nós mesmos" significa trabalhar pela inclusão social, fruto da Justiça;
significa não ter preconceitos, aplicar nossos melhores talentos em favor da
vida plena, prioritariamente daqueles que mais necessitam. Somar esforços
para alcançar os objetivos, servir com humildade e misericórdia, sem perder a
própria identidade.Cremos que esta transformação social exige um investimento
máximo de esforços para o desenvolvimento integral das crianças. Este
desenvolvimento começa quando a criança se encontra ainda no ventre sagrado
da sua mãe. As crianças, quando estão bem cuidadas, são sementes de paz e
esperança. Não existe ser humano mais perfeito, mais justo, mais solidário e
sem preconceitos que as crianças.
Como os pássaros, que cuidam de seus filhos ao fazer um ninho no alto
das árvores e nas montanhas, longe de predadores, ameaças e perigos, e mais
perto de Deus, devemos cuidar de nossos filhos como um bem sagrado, promover
o respeito a seus direitos e protegê-los.
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